Posso garantir que os animais sentem e vivenciam emoções.

Tristeza, dor, ansiedade, medo entre outras.

Mas não dá para afirmar que são as mesmas que nós humanos experimentamos.

É difícil acreditar que os cães e gatos não sintam as mesmas emoções que nós sentimos.

As emoções estão diretamente ligadas a mecanismos evolutivos essenciais à preservação das espécies.

Ao experimentar medo, por exemplo, os animais tomam decisões e agem para se sentir seguros.

Alguns sentimentos básicos são comuns à maioria dos animais, como o medo, a surpresa, a raiva, a alegria, a tristeza e o nojo. Se perguntarmos a algumas famílias com cachorros e gatos se eles sentem as mesmas emoções que nós, aposto que muitos responderão que sim, afirmando que seus animais sentem culpa, pena, vergonha, ciúme etc.

É justamente aí que reside o perigo de interpretarmos mal nossos animais, pois tentar se colocar sob o ponto de vista de outro indivíduo é sempre difícil, e quando este outro indivíduo é de outra espécie, a tarefa se torna ainda mais complexa.

Cada espécie enxerga, ouve, cheira, prova e sente o mundo de uma maneira diferente. Sabemos que a audição e o olfato dos cães e gatos são mais desenvolvidos que os nossos. Já o paladar deles é aproximadamente cinco vezes menos apurado. A visão também é bastante diferente.

Nós, humanos, sentimos o mundo de um jeito; os animais, de outro. As diferenças sensoriais entre eles e nós são enormes.

Outra grande diferença é a linguagem usada para comunicação.

Os cães são especialistas na leitura da linguagem corporal, mas eles compreendem muito pouco da nossa fala. Embora sejam capazes de aprender muitas palavras (mais de 200!), não entendem o sentido de uma frase longa.

O tom de voz –doce ou ríspido – é facilmente compreendido por um cão, mas exatamente o que o dono está dizendo…eles não entendem.

Outra questão recorrente é se os animais têm ou não consciência. A definição de consciência, segundo o Dicionário Aurélio, é: “Atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade”.

Para simplificar, vamos classificar a consciência dos animais em três tipos:

1. Consciência Primária: percepções e sensações como raiva, sede, calor,
frio. Esse nível de consciência permite que o animal perceba o mundo
externo, se mantendo seguro e vivo.Os peixes, répteis e anfíbios são
dotados deste tipo de consciência.

2. Consciência Secundária: é a capacidade de refletir sobre as
experiências. Alegria, tristeza, medo, raiva e surpresa são exemplos de
sentimentos associados à consciência secundária.

3. Consciência Terciária: é a capacidade de pensar, expressar
sentimentos através da linguagem e da autoconsciência. Culpa,
embaraço, generosidade, compaixão, vergonha, orgulho são expressões
disso.

Estudos indicam que todos os mamíferos possuem as consciências primária e secundária. Já a consciência terciária, habilidade de vivenciar experiências pessoais, internas e subjetivas, requer alta inteligência. Até onde sabemos, do ponto de vista científico, os animais não possuem esta habilidade, presente unicamente nos seres humanos.

É quase impossível não confundirmos as nossas emoções com as dos cães e gatos, e esta atribuição de características humanas aos animais é chamada de antropomorfização. Inconscientemente, fazemos isto o tempo todo.

Os gatos sentem muito a chegada de um neném na casa, por exemplo. Mas prefiro interpretar suas atitudes estranhas (ex: urinar na cama do dono) como uma demonstração de que ele está precisando de atenção. Acho mais adequado que chamar o gato de ciumento.

Quando achamos que nosso cachorro está demonstrando vergonha, ciúme, orgulho e culpa, estamos lendo e interpretando os sinais corporais dele de acordo com o que conhecemos e sentimos. Pode ser difícil acreditar que seu cachorro não sente culpa quando você chega em casa e vê um xixi na sala.

Mas enxergue por outro ângulo: a postura submissa, o olhar de “coitadinho” e o rabo entre as pernas é a reação do cão à expressão enfurecida do seu dono/companheiro pela sujeira e o estrago causado. Experimente entrar em casa e fazer uma festa mesmo que encontre uma bagunça. Aposto que ele não expressará nenhuma culpa e ficará animado como se tivesse sendo elogiado.

Já foram realizados experimentos para comprovar que os cães reagiam de forma “culpada” mesmo quando a bagunça tinha sido feita por um pesquisador que entrava na casa da família enquanto ela estava fora.
Os cachorros não têm uma noção linear do tempo como nós. Cinco minutos após o fato, eles não relacionam mais o ocorrido à sua reação. Por isso o elogio deve ser sempre no ato, “no flagra”.

Quando os cães fazem aquela cara de “fiz besteira” e tentam nos agradar, é para tentar melhorar o clima conosco.

Como eles são animais sociais, viviam em grupos (matilhas), apresentam este comportamento para apaziguar a situação e voltar a ficar “de bem” para se ajudarem, como sempre fazem.

Já sabemos que os seres humanos não são as únicas espécies que podem exprimir emoções, mas ainda estamos longe de alcançar a compreensão total do universo afetivo dos animais.

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focinho do cachorro
rabo do gato