Os Sentidos dos Animais
Quando pensamos em visão, olfato, audição, tato e paladar, temos nossas referências humanas, claro. Nós somos humanos.
Mas temos muito a refletir sobre como os cães e gatos percebem o mundo, sabemos que eles não vivem e sentem como nós.
Mas muita gente ainda acredita que sim e esta confusão pode gerar muitos problemas, afinal são muitas as diferenças.
Inicialmente devemos pensar sobre como eles nos percebem, nos consideram, nos enxergam, nos cheiram e nos sentem.
Para nós, eles são animais de estimação que escolhemos para nos fazer companhia, para dividirmos nossas vidas, nosso amor e afeto.
Antigamente era muito comum os animas terem uma vida separada da família, viviam no quintal, do lado de fora da casa para exercer alguma função como a de guarda, por exemplo.
Atualmente é raro convivermos com animais que tem uma função, um trabalho e que recebem abrigo, carinho e alimento como “pagamento”.
Geralmente estes animais exercem estas funções em instituições, como na Polícia, Bombeiros ou trabalham como guias de cego ou ajudantes de pessoas com necessidades especiais.
Para nós que temos animais de companhia em casa, eles fazem parte das nossas famílias!
E nós para eles, o que somos?
Família? Grupo? Matilha? Protetores?
É muito difícil definir, por mais que se estude o comportamento dos cães e gatos.
Mas nós sabemos as diferenças da percepção dos sentidos. E entender as diferenças, já nos ajuda muito:
VISÃO
Os cães e gatos nascem cegos, seus olhos só começam a abrir por volta da segunda semana de vida e eles começam a enxergar o mundo aos poucos.
Eles não são capazes de enxergar todas as cores como nós, mas também não é em preto e branco como muitos acreditam.
Cão: 429–555
Homem: 400–780
Tartaruga : 450–620
Passariformes: 370–570 Rato: 510
No gráfico acima podemos ver que enquanto nós humanos enxergamos quase toda extensão (do roxo ao preto) os cães só são capazes de distinguir as cores no intervalo entre o azul e o amarelo e os gatos entre o amarelo, o azul e o verde. Na barra de cores, vemos a representação das cores que o cão enxerga.
Mas em compensação, os gatos (por exemplo) possuem uma capacidade muito maior que a nossa para perceber os movimentos. Por isso são capazes de pegar uma borboleta no ar com muita facilidade. Esta diferença se deve ao maior número de bastonetes (células responsáveis pela percepção de movimento) que eles possuem.
Os cães e gatos também enxergam melhor do que nós humanos, no escuro. Não é necessário deixar uma luz ligada para eles durante a noite, por exemplo! Mas eles não são capazes de enxergar no breu total.
A posição dos olhos, mas lateralizados na cabeça, também confere um maior ângulo de visão que o nosso e isto significa que eles possuem uma melhor visão lateral que a nossa.
Outra consideração importante é em relação a perda da visão. Para nós, este é o sentido mais importante. Quando nos deparamos com um animal de estimação que está ficando cego, nos imaginamos no lugar dele e é comum uma sensação de dor e desespero muito grande. Mas não é bem assim. Para eles, mais importante que a visão é o olfato e também a audição.
Nos idosos, a diminuição da visão é gradual e como a capacidade de adaptação dos animais é muito grande eles são capazes de conviver bem com esta dificuldade. Mas nós podemos e devemos ajudar evitando trocar móveis de lugar e marcando alguns locais com um perfume suave.
Para saber mais sobre perda de visão em cães e gatos, clique aqui.
Saiba mais sobre cuidados com cães e gatos idosos, clicando aqui.
OLFATO
Os cães e gatos nascem com a capacidade de encontrar sua mãe para se alimentarem e se aquecerem, através do olfato e de receptores de calor.
Mas eles ainda não conhecem nem reconhecem todos os cheiros.
Os cães possuem o melhor olfato entre as espécies domésticas. Eles possuem 40 vezes mais células receptoras que nós, humanos.
Os odores exercem função de comunicação para os animais. Por isso eles cheiram tanto o chão, fezes, urina e o bumbum de outros animais. Eles são capazes de saber se passou por ali um macho ou fêmea, se estava no cio, se era um animal adulto ou filhote…e até dizer: oi, tudo bem, eu te reconheço!
Esta é a principal razão para não usarmos nenhum tipo de perfume nos nossos animais, atrapalhamos muito a percepção olfativa deles.
Também é fundamental permitir que os animais inspecionem e cheirem o chão e as superfícies que interessarem a eles. Por mais que pareça estranho e até nojento para nossa avaliação humana, para eles é uma forma de “ler” o mundo. Impedir que um animal cheire é como atrapalhar alguém que está tentando ler um jornal…
Deixar uma camisa usada pelo dono para o animal se sentir mais seguro quando ele fica sozinho em casa ou vai passar alguns dias numa hospedagem ou numa internação, pode ajudar muito.
AUDIÇÃO
Os filhotes nascem com os ouvidos fechados e completamente surdos.
Entre o 5º e 8º dia os ouvidos começam a abrir e a capacidade auditiva vai aumentando aos poucos.
Os cães e gatos escutam numa frequência mais extensa que a nossa. Isto significa que não somos capazes de ouvir alguns sons que eles percebem. Às vezes eles reagem a algum estímulo sonoro que nós nem percebemos e devemos tomar cuidado para não achar que eles estão malucos: ” meu animal é doido, late (ou fica olhando) para o nada!”
Pode ser que ele tenha percebido algum sinal que os ouvidos humanos não são capazes de ouvir…
Enquanto os gatos são capazes de ouvir frequências entre 48Hz e 85 000Hz e os cães entre 15Hz e 50 000Hz, nós humanos percebemos frequências entre 20 Hz e 20 000Hz
Os filhotes de gatos emitem ultrasons para atrair a atenção das mães e nós não somos capazes de ouvir!
Os animais que utilizam sons para se orientar no espaço, percebem uma frequênica ainda maior: morcegos ouvem a faixa 1 000Hz – 120 000Hz e os golfinhos, 70 Hz – 240 000Hz.
Alguns animais reagem “cantando” ou uivando a algumas músicas, sons e até notas musicais específicas.
Evite soltar fogos, estalinhos, usar cornetas ou expor seu animal a estímulos sonoros desagradáveis. Eles possuem ouvidos muito sensíveis.
Lembre que mesmo ouvindo ele pode não entender o significado do que você está falando. Os animais aprendem um vasto vocabulário, se alguém ensinar e repetir constantemente.
Mas não adianta se lamentar ou reclamar com seu animal num tom doce e esperar que ele compreenda…ele vai achar que está recebendo um elogio.
Também devemos evitar falar e usar comandos de adestramento de forma agressiva.
Se o animal demonstra sinais de medo, o aprendizado pode ser comprometido e atrapalha muito a relação de confiança conosco.
Todo elogio deve ser doce e suave.
Facilita a compreensão dos nossos animais.
TATO
Os gatos possuem uma percepção tátil muito desenvolvida.
Isto explica algumas atitudes e nos ajuda a tratar alguns desvios comportamentais.
Se o seu gato não está usando a bandeja sanitária, pode ser que ele tenha aversão a encostar, sentir e tocar na textura da areia utilizada, experimente trocar a marca ou o tipo.
Evite colocar roupas ou acessórios nos gatos, eles podem “virar estátuas” ou se desesperarem para se livrar do “peso”.
PALADAR
Os cães e gatos possuem um número menor de papilas gustativas (responsáveis pela percepção do sabor) que os humanos.
É claro que eles também tem preferências, mas elas são diferentes das nossas.
Quem nunca viu um animal adorar um cheiro que para nós é extremamente desagradável?
Como o olfato dos cães e gatos é super potente, eles se interessam por cheiros interessantes, mas isto não significa que eles também sentem os sabores com a mesma intensidade.
Os gatos detectam melhor os sabores salgados que os doces e também preferem alimentos aquecidos.
Outra consideração importante são os hábitos alimentares. Antigamente, quando eles precisavam caçar para se alimentar, comiam carne crua, roíam ossos e as vezes restos (muitas vezes estragados).
É interessante apresentar diferentes alimentos (especialmente frutas e legumes) para os cães e gatos desde filhotes para desenvolver o paladar e acostumá-los a sabores variados. Esta medida pode ser muito útil no caso do animal precisar ingerir uma dieta terapêutica diferente. OS gatos devem se habituar a comer alimeto úmido desde a infância! SÃO MUITOS COMUNS OS CASOS DE DOENÇA RENAL EM GATOS IDOSOS E A INGESTA LÍQUIDA É FUNDAMENTAL!
Claro que oferecemos o melhor que podemos para nossos animais, mas não devemos estimular o paladar exigente. Se o animal só recebe ração, a tendência é ele comer bem para satisfazer sua fome. Se a cada dia que ele não quiser comer ração nós oferecermos um alimento diferente, podemos criar um animal muito exigente e ainda predispor problemas digestivos (vômitos e diarreia).
Surdez em Cães e Gatos
A surdez ou a diminuição da capacidade de ouvir pode acometer os cães e gatos por diversos motivos.
As alterações nas orelhas e ouvidos são as causas mais comuns: infecções, inflamações, presença de tampões de cera entre outras.
Também existem causas neurológicas como alterações cerebrais (tumores, por ex.), no ouvido interno e no nervo responsável pela audição que podem diminuir a audição dos animais.
Alguns animais podem nascer surdos ou se tornar surdos ainda jovens (em geral causada por uma toxidez medicamentosa).
Já foram descritos casos de surdez hereditária em mais de 35 raças de cães e nestes casos, os animais não devem reproduzir. Nos gatos, a tendência para surdez hereditária costuma ser observada em gatos de pelagem branca e olhos azuis (mas isto não significa que TODO gato branco de olhos azuis é surdo!)
Estas são as raças mais comuns no Brasil:
- Akita
- American pit bull terrier
- American Staffordshire terrier
- Beagle
- Border collie
- Boston terrier
- Boxer
- Bull terrier
- Buldogue Inglês
- Cocker spaniel
- Collie
- Dalmata
- Doberman pincher
- Dogo Argentino
- Setter Inglês
- Fox terrier
- Dogue Alemão
- Maltes
- Poodle
- Old English sheepdog
- Papillon
- Pointer
- Rhodesian ridgeback
- Scottish terrier
- West Highland white terrier
Mas os casos mais comuns são os idosos que perdem a audição, conforme a idade chega. Para saber mais sobre animais idosos, clique aqui.
Se a surdez (ou diminuição da capacidade de ouvir) for unilateral, dificilmente conseguiremos confirmar porque é necessário usar um equipamento especializado, que geralmente só está disponível em Universidades.
Devemos suspeitar de surdez quando um filhote não responde aos nossos chamados, especialmente quando não podem nos ver. Também é comum eles apresentarem um sono “pesado”, não acordam quando fazemos barulho ao lado dele, se a causa for nas orelhas, eles balançam muito a cabeça e sacodem as orelhas frequentemente.
O primeiro passo é levar o animal para consulta veterinária. Neste momento as orelhas e ouvidos precisam ser examinados e também podemos fazer alguns testes simples com barulhos para observar as reações do animal.
Pode ser necessário fazer um exame de imagem complementar (RX, Ressonância Magnética ou Tomografia) se a suspeita for uma causa neurológica.
Se a causa for uma inflamação, infecção ou a presença de um corpo estranho (pode ser algodão, muita cera) o tratamento é instituído imediatamente e rapidamente percebemos uma melhora no quadro. Nos casos mais graves, pode ser necessário sedar o animal para fazer uma limpeza cuidadosa.
Para saber mais sobre limpeza de orelhas e ouvidos, clique aqui.
As causas neurológicas não podem ser tratadas e infelizmente os cães e gatos não se adaptam bem aos aparelhos auditivos.
Os cães e gatos são capazes de perceber as vibrações dos sons, facilmente. Mas isto não significa que eles escutam. Uma batida de palma forte, uma porta batendo e até mesmo os passos no chão podem ser percebidos por eles.
Devemos usar esta capacidade muito desenvolvida, para ajudá-los.
Também é possível ensinar uma linguagem de sinais, no treinamento dos cães.
O maior cuidado que devemos ter com cães e gatos surdos é com a segurança deles.
Podemos colocar um guizo na coleira deles, para facilitar a localização do animal em casa.
Passear na rua pode ser um grande perigo, já que eles não escutam o barulho de um carro se aproximando, por exemplo.
Estes animais precisam ser monitorados de perto, nunca sair na rua sem coleira, guia e supervisão.
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