Adestramento – DIGA NÃO À PUNIÇÃO!
Na minha experiência como veterinária há mais de 20 anos, posso afirmar que a família brasileira não tem o hábito de adestrar seus cães.
Acredito que isto ocorra por uma mistura de motivos:
- más experiências com adestradores, muitas vezes truculentas
- falta de hábito, não víamos nossos avós adestrar os cães
- preconceito em acreditar que um cão adestrado vira um robô, sem personalidade própria
- falta de planejamento – começar cedo, assim que o filhote chega é a melhor opção
- cães que quase não saem de casa – não são expostos a situações novas, desafiadoras
- falta de respeito com as pessoas que têm medo de cães
- pouca ou nenhuma fiscalização/responsabilidade – cães sem coleira e guia passeando na rua, animais invadindo os quintais dos vizinhos, pulando muros etc
Está na hora desta situação mudar!
Cães que aprendem a se comportar podem nos acompanhar em parques, programas em família, festas, viagens, ter acesso a casa toda, conviver com a família e visitas além de ser um aprendizado muito divertido para os cães e para os humanos!
Mas…como adestrar?
Existem muitas técnicas, algumas melhores outras piores.
Felizmente, a ciência já provou que os cães não precisam e não devem ser punidos para aprender.
Quando falamos sobre punição, normalmente nos referimos a punição positiva.
Punição positiva é um conceito técnico que significa adicionar alguma ação que faça o comportamento do cão diminuir, como enforcadores, trancos na coleira, “cutucadas”, gritos ou até mesmo obrigar o cachorro a ficar de barriga para cima (conhecido como “alpha roll“).
Este tipo de punição é extremamente desagradável/dolorosa para o cão e desnecessária para o processo de aprendizado.
O risco do cachorro desenvolver medo, ansiedade, agressão e viver numa situação de estresse é muito alto.
Também é bastante comum o cão associar a punição ao seu dono/tutor e passar a ter medo dele.
Os estudos provam que os métodos que usam premios, carinhos e brincadeiras são eficazes e muito melhores para o bem estar dos animais.
O objetivo é ensinar o cão sem puní-lo!
A força do hábito costuma prevalecer e mesmo sem perceber as pessoas perdem a calma.
Gritar, puxar, usar coleiras enforcadoras (gostaria de não falar em bater, mas infelizmente a nossa realidade é esta) e perder a cabeça não ajuda ninguém a aprender nada – só aumenta o nível de estresse de todos os envolvidos.
Numa situação difícil quando o cachorro está latindo e pulando, gente gritando, o melhor a fazer é manter a calma.
Gritar mais só piora a situação. Respire fundo, tente agir com tranquilidade.
Não vai ser num clima de loucura que seu cão vai aprender a sentar para receber uma visita, por exemplo.
Num primeiro momento, os treinamentos precisam acontecer em locais calmos, seguros e conhecidos pelo cão.
Os momentos do treino também precisam ser controlados, não deve haver distrações como pessoas, barulhos e cães desconhecidos interferindo.
O cão deve ser elogiado sempre que se comportar bem.
Podemos falar de forma doce, oferecer um alimento especial, fazer um carinho e/ou oferecer um brinquedo querido.
Usando este método, eles demonstram elevados níveis de obediência e desenvolvem poucos problemas comportamentais.
Depois que o cão já estiver entendendo e atendendo os comandos, é a hora de começar a usá-los em situações mais desafiadoras, como na hora de sair para passear, por exemplo.
O objetivo é o cachorro aprender a controlar a ansiedade, aprender a esperar.
Desta forma ele realmente aprende a se comportar porque vale a pena, por que é bom e não porque está com medo de ser punido.
Existem muitos adestradores profissionais, métodos, livros, programas de TV e canais na internet sobre este assunto.
É importante saber escolher e evitar que nossos amados cães sejam ensinados como antigamente.
Já falei aqui sobre o “Mito da dominância”, os cães não precisam ser submissos aos humanos, nós não somos da mesma espécie! Para saber mais, clique aqui.
Eles nos amam e respeitam, mas não porque se sentem ameaçados e sim porque aprenderam que esta convivência vale a pena.
Este assunto é vasto…prometo voltar a este tema.
Leia mais →Dor em Cães e Gatos, como identificar?
A dor é uma sensação desagradável que sentimos quando ocorre uma estimulação em terminações nervosas específicas, os receptores da dor.
Em geral, ela é causada por uma irritação, inflamação ou dano em alguma estrutura do corpo.
A dor é um mecanismo de proteção para o animal tentar se proteger e evitar um dano maior.
O limiar (limite) de dor e sua percepção são muito variáveis entre os indivíduos. Sabemos que existem pessoas que suportam muita mais a dor do que outras.
Com os animais também funciona assim.
Na maioria das vezes os gatos parecem ser mais resistentes à dor do que os cães.
É praticamente impossível mensurar a dor que os animais sentem, os testes realizados com seres humanos dependem do depoimento de cada um e como sabemos, os cães e gatos não falam.
A dor pode ter causas muito diferentes como: traumas, queimaduras, inflamações, estiramentos musculares etc.
Todas as regiões do corpo podem ser afetadas como: articulações, ossos, músculos, pele, olhos, ouvidos, tórax, abdome etc.
Os animais podem manifestar sintomas de dor de diferentes formas e precisamos ficar muito atentos!
Na natureza, os animais não costumam demonstrar sinais claros de dor para evitar que sejam presas fáceis.
A tolerância individual e a personalidade de cada animal vai determinar como ele vai se expressar.
Raramente um cão ou gato grita, chora ou reclama de dor.
Isto ocorre com frequência quando a dor é aguda, como num pisão de cauda acidental, por exemplo.
Na maioria das vezes os animais ficam quietos, se mexem pouco e evitam ser manipulados. Eles podem evitar contato e até demonstrar agressividade.
Preste atenção se ocorrer uma diminuição do apetite, mudança nos padrões respiratório e cardíaco (muito rápido, em geral).
Se a dor for numa extremidade (numa das patas, por exemplo) o animal pode lamber, morder, mancar e ficar mexendo insistentemente no local.
Para identificar a dor e diagnosticar sua causa, é fundamental levar seu animal para atendimento veterinário.
Se não houver um motivo evidente, como um trauma, uma pata quebrada, por exemplo, o seu animal deve ser examinado detalhadamente.
O(a) veterinário(a) vai precisar saber o que aconteceu (histórico), fazer um exame físico e em muitos casos, pode ser necessário realizar exames complementares (radiografia, ultrassonografia, exames de sangue).
Durante a consulta veterinária, examinamos o animal atentos a alguns sinais, como uma virada rápida de cabeça, um olhar diferente, um “puxão” na região dolorida etc.
Se o animal estiver sentindo muita dor, é fundamental que a manipulação e transporte sejam feitos com muito cuidado e segurança.
O tratamento da dor, depende muito da sua causa.
O uso de analgésicos é indicado, mas muitas medicações humanas são tóxicas e contra-indicadas para o uso em cães e gatos.
As doses podem variar muito entre as espécies.
NUNCA MEDIQUE SEU ANIMAL SEM ORIENTAÇÃO VETERINÁRIA!
Após o atendimento veterinário, siga as recomendações e evite agitar muito seu animal.
Se ele estiver muito quieto, pode ser que ainda esteja sentindo dor, entre em contato com o(a) veterinário(a) que está tratando dele.
Facilite o acesso ao alimento, água e “banheiro”, mas cuidado para não deixar tudo muito perto, os animais não costumam gostar de dormir e comer perto de fezes e urina.
Não use fórmulas caseiras e “milagrosas” que prometem salvar seu animal. Pode ser perigoso.
O catnip, a erva do gato, apresenta propriedades analgésicas. Ele pode ser oferecido para auxiliar o controle da dor e oferecer conforto para seu gato, mas não é uma medicação indicada para tratamento da dor. Para saber mais sobre catnip, clique aqui.
Na dúvida, eu sempre prefiro usar analgésicos do que correr o risco de deixar um animal com dor, sem que a gente perceba. Me corta o coração.
Animais mais velhos que sofrem de doença articular (artrose), tendem a sentir dor crônica, constantemente, sem reclamar (para saber mais, clique aqui).
É muito importante ficar atento e fazer tudo que estiver ao nosso alcance para oferecer alívio e conforto para nossos queridos animais.
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